sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O PS quer a Paz Nas Escolas, Mas Há Quem Não Queira.

COMPRAR A PAZ

Tem sido notícia a expressão atribuída ao primeiro-ministro a propósito da luta corporativa dos professores. A mensagem que se tem pretendido passar é a de que não fosse a maioria absoluta protectora do governo, toda esta situação seria evitável. Diria, plagiando um conhecido refrão publicitário, “é fácil, é barata e dá milhões…”.

Contudo importa reflectir sobre a mesma. Em primeiro lugar reconhecer que seria muito mais agradável para todos, governo, contribuintes, professores, pais e alunos se este conflito não existisse. Mas ele existe. E existe porque o governo, sem dúvidas nenhumas porque tem uma maioria absoluta, entendeu promover uma profunda reforma no sistema de ensino. Recordemo-la em síntese apertada: aulas de substituição, inglês no ensino básico, colocação dos professores por três anos. A todas estas reformas os professores resistiram e estiveram contra. Apesar disso, elas aí estão para bem do ensino.

Sobrou a questão da avaliação, reforma decisiva para acabar com o privilégio imoral e insustentável, porque pago pelos contribuintes, de garantir que por antiguidade todos os professores chegarão ao topo da carreira. Nesta lógica, com auto-avaliação, chegarão todos a “generais”, e o mérito e brio profissional serão secundários. Isto explica o elevado absentismo verificado em muitas escolas. Para quê esforçarem-se, se basta esperar para garantir um privilégio inacessível à maioria dos portugueses?
Por este preço não se pode, nem se deve comprar a paz.

Miguel Coelho

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